Garibaldi, Terra do Champanha

1900: o pioneiro Manoel Peterlongo, agrimensor, faz experimentos ao estilo de “Champagne”.  Baseado em um livro que trouxe da Itália, onde eram ensinadas as técnicas francesas, traz as uvas brancas finas, aprimora quatro anos de envelhecimento em cave: como observador e estudioso, vai aprimorando dia a dia o processo. Em 1913, surge o primeiro reconhecimento do espumante brasileiro, o registro oficial do início, uma medalha de ouro na Exposição de Uvas, em Garibaldi. “Bendita é a terra que este sangue aquece” é o “slogan” e a homenagem.

  O filho Armando, em meados dos anos 20, retorna para casa, jovem, e busca aprender as “fórmulas” do pai. Herda este conhecimento, e com 24 anos começa a ampliação do negócio, com alta tecnologia na época. Nos anos 40, era tamanho o prestígio alcançado que Getúlio Vargas, na ocasião da visita da Rainha Elizabeth, serviu Champagne Peterlongo aos convidados. Hoje a empresa permanece com belíssima estrutura de visitação. São três castelos, com vinhedos e jardins, cave em basalto. Um castelo é centro de visitação.

Surgem empresas focadas em espumantes. Em meados de 1940, chega o francês Georges Aubert. Os anos 50 são auge de marcas como “Acquasantiera” e “Precioso”, da Cooperativa Vinícola Garibaldi - CVG. Chegam multinacionais: em 1970 a Provifin (Chandon, marca referência da cidade até os dias atuas, pertencente ao grupo LVMH), Seagram, Martini&Rossi e Domecq (anos 90). Via Martini&Rossi chega o enólogo argentino Adolfo Lona. De inúmeras colaborações, Lona cria conceito em vinhos de guarda (Baron de Lantier) e grandes espumantes. É de sua autoria o pioneiro projeto de marketing direto ao consumidor de vinhos, a “Confraria De Lantier”, com cursos de degustação, carteirinha de sócio, descontos. Lona foi mentor da Fenachamp - Festa Nacional do Champanha.

Como importância turística, existiu a Maison Forestier, pioneira em enoturismo, com visitação, jantares, degustação, minizoo. Com a venda da Seagram, o turismo se extinguiu. Crises e sucessões familiares, vendas de multinacionais fizeram desaparecer marcas como Georges Aubert e Baron de Lantier. Porém, a Domno, do grupo Valduga, hoje ocupa a área da Domecq e começa a se destacar. A Rota dos Espumantes agrega vinícolas.

Em 2000, surgem as microchampanharias, com Pedrucci, La Cantina, Don Nanetto, Darci Locatelli. Compõem hoje a Rota das Cantinas, associadas à Aviga – Associação dos Vitivinicultores de Garibaldi. Não são preparadas para turismo. O maior potencial está no distrito Marcorama, pela proximidade da Rota do Sol. Criou-se o CPEG “Consórcio de Produtores de Espumantes de Garibaldi”, que visa aprimorar e controlar a produção e qualidade dos espumantes garibaldenses, preparando-os para criar Indicação de Procedência e Denominação de Origem.

Por Ana Amélia Duarte Flores